quinta-feira, agosto 17, 2006

Arco-Íris

Talvez a gente devesse mesmo saber falar melhor da nossa felicidade, mas parece que é só pensar no assunto que é a causa da nossa felicidade e, de repente, os olhos marejam, as pernas tremem, o coração dispara, a garganta aperta e as palavras morrem no nosso âmago...
Fazer o quê?????
Nessa hora, o melhor é mesmo abrir um sorriso e partir pro abraço...
Sabe como é, né?!?!?!? CARPE DIEM
Afinal, na maioria das vezes, a mesma coisa que causa a nossa felicidade atual pode já ter sido o motivo de noites mal dormidas - e, se não o foi, poderá tornar-se.
è, meu caro, péssimo pensar nisso...então, não pensemos.

Revelo que não sei mesmo falar da minha felicidade, mesmo que ela sja causada plos outros...
(É, vocês são responsáveis pela minha atual felicidade - e também já me mantiveram acordada no computador até às seis da manhã... mas eu não tô reclamando não... VALEU A PENA!!!!!! :):):)

Enfim, pra vocês, o que eu sempre desejei pra mim...


"OS TRÊS MAL-AMADOS - PALAVRAS DE JOAQUIM"

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.


As falas do personagem Joaquim foram extraídas da poesia "Os Três Mal-Amados", constante do livro "João Cabral de Melo Neto - Obras Completas", Editora Nova Aguilar S.A. - Rio de Janeiro, 1994, pág.59.

4 Comments:

Blogger Lita said...

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1:25 PM, agosto 27, 2006  
Blogger Lita said...

NOSSA QUE LINDOOO VI !!

Amei mesmo ! Nunca havia lido, só vc mesmo pra me mostrar coisas tão lindas !

E sobre não saber escrever sobre suas felicidades, hum, não importa, apenas deixe as pessoas ao seu redor saberem que tu tah feliz.

T ver feliz é o mais importante pra mim, e tu sabe disso. Corta meu coração em pedaços quando sei ou sinto que tu tá tristinha, e eu aki sem ter como ajudar =/

T amo mocinha, muito mesmo !!

BJUSS

E continue esse blog aki, por que eu tô amando =)

AHH mto bom saber que a senhora anda MUITOOO FELIZ ...

TU feliz = MIM (índio) FELIZ
u happy = me happy ;)

1:28 PM, agosto 27, 2006  
Blogger Ronan said...

BOm moça... really i'm not in one of my best days.
mas resolvi comentar assim mesmo, talvez seja até melhor.
=)

Bom, não preciso dizer q perfeito o q tu escreveu? é realmente assim, o q nos faz rir, é o que nos fez chorar.

poderemos, quem sabe, até voltar a chorar. mas sabe de uma coisa? qdo isso acontecer, não vou olhar pra tras com pesar. eu sei q um pequeno sorriso vai aparecer. um sorriso timido, talvez, mais ainda sim um sorriso.
e teu texto vai fazer parte do sorriso, viu mocinha.

só tenho q t agradecer.

beijos.

ps: e vê se aparece logo aqui na praia ein!
;)

12:54 AM, setembro 02, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Queridissimaaaa! to morrendo de saudades!!! Por onde vc anda, sumida?!?
Miss u..!!
Beijao!!

11:27 PM, setembro 05, 2006  

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